Línguas Estrangeiras nos anos iniciais da Educação Básica

Políticas, formação docente e práticas pedagógicas.


Cláudia Hilsdorf Rocha (UNICAMP)
Marco Antônio Margarido Costa (UFCG)
Maura Regina da Silva Dourado (UFPB)
Sandra Regina Buttros Gattolin (UFSCar)

 

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Como tem sido amplamente discutido no âmbito da Linguística Aplicada, o ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras (doravante LE) na infância, seja no contexto das escolas de idiomas, seja na Educação Básica, tem suscitado muito interesse e, assim, tem se mostrado um campo bastante fértil para pesquisas. Estudos nessa área, entre eles Pires (2004), Carvalho (2005), Rocha (2006, 2007, 2008), Tombosi (2007), Tonelli (2008), Souza et al. (2008), Rocha (2006; 2007; 2012), Rocha et al (2010), Tonelli e Chaguri (2013) e Gimenez (2013), têm chamado nossa atenção para os impactos limitadores do caráter ainda facultativo das LEs no início da escolaridade e da fragilidade da formação docente nesse campo.

Em um país, como o nosso, em que imperam desigualdades profundas, de variadas ordens, a ausência das LEs nos currículos do Ensino Fundamental I em muitas escolas, principalmente as públicas, corrobora para a manutenção do status quo. Além disso, a natureza difusa das políticas educacionais oficiais nessa área exerce um impacto negativo no que se refere aos processos educativos e à formação de professores.

Frente a discursos que hoje tendem a validar a relevância da pluralidade linguística e cultural para uma formação mais ampla, embasada nas teorias dos letramentos e orientada para a cidadania crítica (MONTE MÓR, 2009, 2011; ROCHA; MACIEL, 2015), mostram-se urgentes políticas públicas mais articuladas e robustas, que visem à implantação da educação em línguas estrangeiras nos anos iniciais da Educação Básica de forma significativa, situada e mais efetiva, como discorre Gimenez (2013). Do mesmo modo, evidenciam-se necessárias ações que busquem viabilizar uma formação docente também preocupada com as particularidades do ensino de línguas para crianças em seus diversos contextos.

Muitos estudos têm evidenciado a predominância de objetivos prioritariamente práticos ou utilitaristas nesse contexto educativo (ROCHA, 2012, entre outros) e sinalizam para a importância de discussões e encaminhamentos, no âmbito acadêmico e de políticas públicas que possam oferecer subsídios não somente para iniciativas e projetos de implantação do ensino na rede pública, mas também no que se refere à formação docente (inicial e continuada) e a práticas que atendam a demandas específicas. Assim sendo, a proposta deste debate temático é fomentar discussões sobre dificuldades e desafios colocados para a área.

Para tanto, pretendemos apresentar um breve e atualizado panorama de estudos e projetos já desenvolvidos, a fim de contextualizar os subsequentes relatos de experiências vivenciadas por meio de ações ligadas à extensão universitária, ao estágio docente, bem como a programas de iniciação à docência. A partir dos debates suscitados, pretendemos propor, de modo colaborativo, um conjunto de ações, de cunho institucional e político, que possam contribuir para a ampliação do diálogo e maior visibilidade dos estudos e projetos desenvolvidos e em desenvolvimento e, portanto, para o fortalecimento da área.